NOTA DE ESCLARECIMENTO
Com as eleições que acontecem em todos os
municípios de nosso país vivenciamos um período de fundamental importância para
a consolidação de uma democracia a serviço da população. Este é um período onde
entram em disputa as mais variadas propostas, ideias e projetos que discutem os
problemas mais visíveis e notórios do povo que se encontra no campo ou na
cidade.
É um momento impar cuja vivência acontece
apenas de quatro em quatro anos, por isso os/as candidatos/as se tornam mais
visíveis e presentes na vida da comunidade eleitoral que, por sua vez, deve
conservar a missão de votar bem fazendo uso de critérios rigorosos
fundamentados e focados na luta da conquista de benefício à comunidade em
geral.
Cada pessoa precisa se esforçar para por em prática por toda a sua
vida o mandamento da caridade, do amor. Este servir por amor deveria ser a
atitude contagiante em cada candidato que se submete às urnas e ao nosso voto
de confiança. Nossa Missão de eleitor transcende
o simples ato de votar. Ela nos leva a descobrirmos a obrigação de
acompanharmos de perto cada um dos eleitos, seguindo os seus passos após as
eleições para termos a certeza do cumprimento de suas obrigações e compromissos
firmados com o eleitor.
O período eleitoral é o momento da conquista dos eleitores,
portanto, cada candidato em seu partido e coligação política sai em busca da
realização de uma missão: conseguir o máximo de eleitores possíveis. E, para
isso, há várias formas. Acontecem as diversas reuniões nas SEDES dos Partidos,
em salões e associações, praças públicas, casas de eleitores, nas avenidas, nas
ruas das cidades e, agora, utiliza-se um outro espaço: AS CAPELAS DAS
COMUNIDADES. Isso pode? É permitido?
Esta foi uma interrogação direcionada a minha própria pessoa.
Comprovamos cotidianamente a indelicadeza nos discursos políticos
de vários candidatos que em vez de apresentarem propostas, seguem com discursos
ofensivos. É fato que nos encontros dos partidos com seus fiéis seguidores ou
eleitores encontramos discursos que apresentam muitos projetos voltados à
educação, saúde e trabalho e outros termas. Surgem muitas ideias, promessas
(muitas vezes enganosas) e juras de compromissos com a comunidade daquela
localidade onde se fala. Mas também, há muitos ataques, badernas, falatórios
que servem para derrubar o próximo, rivalidades, violência entre partidos e
outros.
Dia 12 de setembro, eu Pe. Antônio Denilson de Sousa fui
surpreendido com o seguinte fato o corrido no dia sete de setembro – dia da
Pátria. Em uma de nossas capelas (Capela de São Francisco – Puba 1) aconteceu
uma reunião com candidatos de um determinado partido. Nossa! Quantas pessoas,
as fotografias mostravam e comprovavam, impressionante mesmo! E lá estava a
pequena capela na humilde comunidade em um USO INDEVIDO que fugia completamente
dos padrões e fins de sua construção. O altar - local de sacrifício, de entrega
e doação do Senhor para cada um de seus filhos – servia como mesa comum, como a
mesa do discurso para se por alguns copos, papéis, microfones. O presbitério,
não continha o que na naturalidade deveria conter: o padre, coroinhas e equipe
de liturgia, mas tinha um grupo de candidatos em pé e sentados para melhor
serem vistos.
A
IGREJA NÃO É NEM SERÁ PARTIDÁRIA. Rejeita-se a política partidária, mas não se abre mão da política
em geral, como arte de procurar o bem comum. A Igreja se entende como mistério de unidade de todo gênero humano
(LG 1). Ela não gera divisão, mas quer conservar a unidade entre todos. No
dia 15 de Agosto de 2012, Dom Odelir (Bispo de Sobral) publicou uma Carta
direcionada aos cristãos da Igreja de Deus na Diocese. No conteúdo estão
orientações práticas a cada cristão para o bom uso de seu voto. Dentre as
muitas informações nosso Pastor diocesano nos diz: “A política, enquanto serviço
para a construção, a garantia e aprimoramento da cidadania, deve ser praticada
como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos dos cidadãos, a
começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses particulares e
candidatos, de indivíduos ou de grupos.” Esta é a visão da Igreja. A Política é
entendida enquanto um espaço onde todos sejam valorizados, respeitados,
acolhidos e favorecidos.
No Direito Canônico da Igreja Católica, no n. 287 encontramos: §1º
“Os clérigos sempre favoreçam de modo máximo a manutenção entre os homens da
paz e da concórdia fundada na justiça.” Em seu parágrafo segundo continua: § 2º
“Os clérigos não tenham parte ativa nos partidos (partido: deve-se entender
organizações que não só elaboram programas e estudos políticos, mas que tendem
também à obtenção do poder) políticos e na direção de associações sindicais, a
não ser que a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa
dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”.
Este encontro político na Igreja foi do desconhecimento de minha
pessoa. Em conversa com Dom Odelir- Bispo de Sobral, o mesmo confirma não ter recebido nenhuma solicitação
neste sentido e não deu autorização a ninguém para tal reunião, muito
menos ninguém da Comunidade tem permissão ou autoridade para permitir encontro
ou reunião de cunho político na Igreja.
Mas quem autorizou? Quem escolheu ou deu as ordens para que a reunião
acontecesse na Igreja; com qual direito? São respostas que quero descobrir.
Estas palavras são respostas à comunidade local e paroquial de
Taperuaba que sabe e conhece, na atualidade, a imparcialidade da Igreja que não
compactua, não comunga nem apoia políticas partidárias; somos imparciais e
queremos preservar nossos espaços de oração. Em resposta ao pensamento de
alguns, a Igreja não está apoiando a ninguém e não fará isto em hipótese
alguma. Torcemos pela vitória daqueles que ganhem o carinho e confiança do
povo, e rezaremos para a boa administração, mas queremos liberdade e que não
sejam ultrapassados limites que por Lei nos é de Direito. Qui iure suo utitur neminem laedit (Quem usa do seu direito a
ninguém prejudica).
Aos Dirigentes, Conselhos de Capelas ou representantes religiosos,
torne-se claro: É PROIBIDA em todas as capelas da PAROQUIA DE NOSSA SENHORA DO
CARMO, qualquer movimentação, reunião ou ações de cunho político. Sendo AUTORIZADO
apenas realizações voltados aos trabalhos pastorais em nossas Capelas.
Atenciosamente, Pe. Antônio Denilson de Sousa – Pároco da Paróquia
de N.S. do Carmo.
Taperuaba, 14 de setembro de 2012.
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