sexta-feira, 14 de setembro de 2012

NOTA DE ESCLARECIMENTO

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Com as eleições que acontecem em todos os municípios de nosso país vivenciamos um período de fundamental importância para a consolidação de uma democracia a serviço da população. Este é um período onde entram em disputa as mais variadas propostas, ideias e projetos que discutem os problemas mais visíveis e notórios do povo que se encontra no campo ou na cidade.
            É um momento impar cuja vivência acontece apenas de quatro em quatro anos, por isso os/as candidatos/as se tornam mais visíveis e presentes na vida da comunidade eleitoral que, por sua vez, deve conservar a missão de votar bem fazendo uso de critérios rigorosos fundamentados e focados na luta da conquista de benefício à comunidade em geral.
Cada pessoa precisa se esforçar para por em prática por toda a sua vida o mandamento da caridade, do amor. Este servir por amor deveria ser a atitude contagiante em cada candidato que se submete às urnas e ao nosso voto de confiança.  Nossa Missão de eleitor transcende o simples ato de votar. Ela nos leva a descobrirmos a obrigação de acompanharmos de perto cada um dos eleitos, seguindo os seus passos após as eleições para termos a certeza do cumprimento de suas obrigações e compromissos firmados com o eleitor.
O período eleitoral é o momento da conquista dos eleitores, portanto, cada candidato em seu partido e coligação política sai em busca da realização de uma missão: conseguir o máximo de eleitores possíveis. E, para isso, há várias formas. Acontecem as diversas reuniões nas SEDES dos Partidos, em salões e associações, praças públicas, casas de eleitores, nas avenidas, nas ruas das cidades e, agora, utiliza-se um outro espaço: AS CAPELAS DAS COMUNIDADES.  Isso pode? É permitido? Esta foi uma interrogação direcionada a minha própria pessoa.
Comprovamos cotidianamente a indelicadeza nos discursos políticos de vários candidatos que em vez de apresentarem propostas, seguem com discursos ofensivos. É fato que nos encontros dos partidos com seus fiéis seguidores ou eleitores encontramos discursos que apresentam muitos projetos voltados à educação, saúde e trabalho e outros termas. Surgem muitas ideias, promessas (muitas vezes enganosas) e juras de compromissos com a comunidade daquela localidade onde se fala. Mas também, há muitos ataques, badernas, falatórios que servem para derrubar o próximo, rivalidades, violência entre partidos e outros.
Dia 12 de setembro, eu Pe. Antônio Denilson de Sousa fui surpreendido com o seguinte fato o corrido no dia sete de setembro – dia da Pátria. Em uma de nossas capelas (Capela de São Francisco – Puba 1) aconteceu uma reunião com candidatos de um determinado partido. Nossa! Quantas pessoas, as fotografias mostravam e comprovavam, impressionante mesmo! E lá estava a pequena capela na humilde comunidade em um USO INDEVIDO que fugia completamente dos padrões e fins de sua construção. O altar - local de sacrifício, de entrega e doação do Senhor para cada um de seus filhos – servia como mesa comum, como a mesa do discurso para se por alguns copos, papéis, microfones. O presbitério, não continha o que na naturalidade deveria conter: o padre, coroinhas e equipe de liturgia, mas tinha um grupo de candidatos em pé e sentados para melhor serem vistos.
A IGREJA NÃO É NEM SERÁ PARTIDÁRIA. Rejeita-se a política partidária, mas não se abre mão da política em geral, como arte de procurar o bem comum. A Igreja se entende como mistério de unidade de todo gênero humano (LG 1). Ela não gera divisão, mas quer conservar a unidade entre todos. No dia 15 de Agosto de 2012, Dom Odelir (Bispo de Sobral) publicou uma Carta direcionada aos cristãos da Igreja de Deus na Diocese. No conteúdo estão orientações práticas a cada cristão para o bom uso de seu voto. Dentre as muitas informações nosso Pastor diocesano nos diz: “A política, enquanto serviço para a construção, a garantia e aprimoramento da cidadania, deve ser praticada como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos dos cidadãos, a começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses particulares e candidatos, de indivíduos ou de grupos.” Esta é a visão da Igreja. A Política é entendida enquanto um espaço onde todos sejam valorizados, respeitados, acolhidos e favorecidos.
No Direito Canônico da Igreja Católica, no n. 287 encontramos: §1º “Os clérigos sempre favoreçam de modo máximo a manutenção entre os homens da paz e da concórdia fundada na justiça.” Em seu parágrafo segundo continua: § 2º “Os clérigos não tenham parte ativa nos partidos (partido: deve-se entender organizações que não só elaboram programas e estudos políticos, mas que tendem também à obtenção do poder) políticos e na direção de associações sindicais, a não ser que a juízo da competente autoridade eclesiástica, o exijam a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”.
Este encontro político na Igreja foi do desconhecimento de minha pessoa. Em conversa com Dom Odelir- Bispo de Sobral, o mesmo confirma não ter recebido nenhuma solicitação neste sentido e não deu autorização a ninguém para tal reunião, muito menos ninguém da Comunidade tem permissão ou autoridade para permitir encontro ou reunião de cunho político na Igreja. Mas quem autorizou? Quem escolheu ou deu as ordens para que a reunião acontecesse na Igreja; com qual direito? São respostas que quero descobrir.
Estas palavras são respostas à comunidade local e paroquial de Taperuaba que sabe e conhece, na atualidade, a imparcialidade da Igreja que não compactua, não comunga nem apoia políticas partidárias; somos imparciais e queremos preservar nossos espaços de oração. Em resposta ao pensamento de alguns, a Igreja não está apoiando a ninguém e não fará isto em hipótese alguma. Torcemos pela vitória daqueles que ganhem o carinho e confiança do povo, e rezaremos para a boa administração, mas queremos liberdade e que não sejam ultrapassados limites que por Lei nos é de Direito. Qui iure suo utitur neminem laedit (Quem usa do seu direito a ninguém prejudica).
Aos Dirigentes, Conselhos de Capelas ou representantes religiosos, torne-se claro: É PROIBIDA em todas as capelas da PAROQUIA DE NOSSA SENHORA DO CARMO, qualquer movimentação, reunião ou ações de cunho político. Sendo AUTORIZADO apenas realizações voltados aos trabalhos pastorais em nossas Capelas.
Atenciosamente, Pe. Antônio Denilson de Sousa – Pároco da Paróquia de N.S. do Carmo.
Taperuaba, 14 de setembro de 2012.

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