Homilia Missa do Crisma 2013
- Caríssimas
Religiosas(os), Seminaristas e Vocacionados;
- Prezados
Ministros(as), Agentes das diversas Pastorais e Lideranças das nossas
Paróquias, Áreas pastorais e Comunidades aqui presentes;
- Querido povo
de Deus aqui presente no Santuário São Francisco e todos que nos acompanham
pela Rádio Educadora do Nordeste.
Em 1º lugar desejo acolher com muito carinho e estima os nossos Padres,
que vêm marcados pelo peso dos trabalhos pastorais, especialmente, nesta
Quaresma, com as Visitas às Comunidades em preparação à grande festa da Páscoa.
Vinde, queridos presbíteros, viver a unidade e a fraternidade nesta Celebração
e repousar um pouco junto ao Coração misericordioso e compassivo de Jesus
Cristo. A Ele confiemos o nosso trabalho, as nossas alegrias, preocupações e
angústias.
Quero,
também, acolher o Povo de Deus, talvez aflito e desiludido de tantas promessas
e contratempos, de situações difíceis e que às vezes parecem não ter solução.
Venham todos, confiem seus problemas, dificuldades e situações difíceis ao
bondoso Coração de Jesus Cristo.
Neste ambiente de Cenáculo,
desejamos agradecer ao Senhor a graça que foi e é para a nossa diocese cada um
de nossos presbíteros: gostaria pronunciar aquio nome década um, mas lembro a
todos me referindo aos dois caçulas, últimos ordenados Pe. José Airton e Pe. João Paulo (1 ano em
outubro próximo), ao decano, Pe. Osvaldo ( 62 anos de sacerdócio). Queremos dar
as boas vindas ao Frei Claudio e ao Frei Domingos e seminaristas capuchinhos. A
nossa comunhão se exprime ainda de modo significativo, através da oração pelos
nossos irmãos sacerdotes que vivem o
ministério na fragilidade da idade ou na enfermidade. (especialmente Pe.
Sadoc). Convido-vos, caros irmãos e irmãs, a acompanhar com a vossa oração
estes ungidos do Senhor e todos outros sacerdotes da Diocese, Pe. Manfredo
Ramos e Pe. Donizete. A todos queremos ter presentes nesta missa Crismal.
Nesta manhã estamos vivendo um momento extraordinário de “Comunhão
Eclesial”. Aqui estamos formando a grande “UNIDADE DIOCESANA”: padres, religiosas(os), fiéis cristãos leigos
de todas as 38 Paróquias e 3 Áreas Pastorais da nossa Diocese, em comunhão com
o Bispo, para abençoar e consagrar os Santos Óleos, que serão distribuídos para
todas as Paróquias e Áreas pastorais para serem usados nas celebrações dos
respectivos Sacramentos. Nós, aqui, representamos todos os fiéis da Diocese e
através dos Santos Óleos, tornamo-nos unidos e presentes na Celebração dos
Sacramentos específicos, durante todo o ano de 2013, lá nas Comunidades, nos
Hospitais e até nas Casas das pessoas idosas e enfermas.
O óleo que hoje abençoamos e que serão entregues pessoalmente a cada pároco, espalha-se por
toda a nossa Igreja particular de Sobral, assim como se derrama a graça de
Deus, pela ação do Espírito Santo, na vida dos cristãos e em nossas comunidades
eclesiais.
Com seu extraordinário sentido simbólico, o óleo
faz-nos entender a grandeza do mistério que celebramos na fé.
A PALAVRA DE DEUS que acabamos de ouvir é muito significativa e aplicável a cada um de
nós. Conforme o Profeta Isaías, “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque
Javé me ungiu”(Is 61,1). Interpretando o Profeta Isaias, cada um de nós
pode dizer que “Javé me ungiu e me
enviou”, para transformar ou então, para mudar o mundo, assim como Jesus se
sentiu ungido e enviado pelo Pai para proclamar a Boa Nova da Salvação. Mas
antes de “mudar o mundo” eu tenho que mudar a mim mesmo! Antes de
evangelizar os outros, eu tenho que ser evangelizado. O segredo para “mudar o mundo” é eu mudar antes. Não é
esperar que o outro mude, para eu mudar; não é esperar que o outro faça, para
eu fazer... Usando o mesmo texto que Isaías, Jesus proclama: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura”(cf.
Lc 4.16-21).
“Caminhar, edificar, professar Jesus Cristo crucificado” foi a ideia
central da primeira homilia do Papa Francisco. Ele convidou os presentes a
“caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com
irrepreensibilidade”. Disse
ainda: “quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz, ou
professamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos,
somos bispos, padres, cardeais, papa, mas não somos discípulos do Senhor”.
Em pleno Ano da Fé, conscientes da grandeza do ministério a que fomos
chamados e, ao mesmo tempo, de nossa fragilidade, recordemos, inicialmente, as
palavras de Paulo, na segunda carta aos coríntios: “Esse tesouro nós levamos em vasos
de argila, para que todos reconheçam que esse incomparável poder pertence a
Deus e não é propriedade nossa...”. (4,7s).
Renovar, as promessas sacerdotais é escutar o
apelo de Deus à fidelidade aos compromissos alegremente assumidos no dia de
nossa ordenação. É acolher o apelo de São Paulo a Timóteo: "Recomendo-te
que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus
não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação.
Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor (…), mas sofre comigo pelo
Evangelho" (2Tim 1,6-7). É deixar-se interpelar pela recomendação de São
Pedro: "Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, velando por
ele, não constrangidos, mas de boa vontade, segundo Deus, não por ganância, mas
por dedicação, (…) tornando-vos modelos do rebanho" (1Pedro 5,2-3).
Nesse sentido aproveito para recordar a todos, a celebração do Lava Pés
que amanhã, estareis presidindo em nossas comunidades. Que todos nós sacerdotes
deixemos nos iluminar pelo gesto do
lava-pés. A palavra de Jesus, que fez do lava-pés um exemplo de serviço,
deve ser o elemento central de nossas vidas. Nossa fidelidade sacerdotal só
será sincera se estivermos disponíveis ao serviço, se formos capazes de deixar
tantas mesas de privilégios que o padre (embora menos que antigamente) ainda
tem na sociedade, para fazer da palavra de Jesus a realidade de nossa vida: “eu estou no meio de vocês como um servidor”;
um servidor em favor da vida. Na celebração da Quinta feira, vamos tirar os
paramentos para vestir um avental e,
vamos lavar os pés de alguns membros da comunidade. Não façamos desse gesto um
teatro... Procuremos fazer como
sacerdote, como alguém que não tem medo de vestir o avental e de estar sempre
pronto a servir.
Todos os dias existem pés
cansados convocando o sacerdote a vestir seu avental para servir. São pés
de pessoas sem vida ou com a vida em frangalhos que precisam voltar a viver;
pés de pais e de mães cambaleantes e sem rumo que precisam ser encorajados e
fortalecidos. Tantos pés de jovens
que, apesar da pouca idade, se perderam em becos sem saída, vítimas das drogas
e da violência; pés de crianças que não pulam e nem brincam porque a vida lhes
tirou até mesmo a possibilidade e a necessidade de fantasiar... Quantas forem
as realidades, tantas vezes será preciso sair da mesa, vestir o avental e,
depois, voltar a celebrar: “depois de ter
lavado os pés de seus discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo”
. O ministério sacerdotal, caracterizado pelo serviço, não permite ao sacerdote
que se acomode em algum tipo de mesa, porque sempre haverá um chamado para
vestir o avental e se dispor a servir.
Hoje lavar os
pés é também dedicar tempo para o ministério da ESCUTA, é dedicar tempo para as confissões.
Hoje, lavar os pés uns dos outros pode significar nossa capacidade de
perdoar mágoas e ofensas que povoam nossos relacionamentos pessoais e
comunitários de cada dia.
Convido todos os fiéis, a rezarem pelos sacerdotes, reze pela
santificação daquele que Deus colocou a frente de sua comunidade. Pelos
sacerdotes enfermos, idosos, os que estão em crise. Que todos possam sentir o
carinho e o apoio dos irmãos e irmãs de comunidade. Acolham com carinho o padre
de sua comunidade e que nesta semana
você possa abraçá-lo e dizer: Obrigado
pelo seu sacerdócio!
Dou graças a
Deus pela colaboração dedicada de todos vocês, caros presbíteros, irmãos e
amigos, pela riqueza dos carismas que vos foi concedido e pela disponibilidade
em colocá-los ao serviço do evangelho onde e como a Igreja vos pede.
Queridos Padres sintam-se contentes como ministros de Cristo, se
identifiquem com aquilo que sacramentalmente se tornaram, não olhem pra trás,
não cobicem as coisas do mundo, mas sejam sinais vivos dos valores eternos,
sejam os homens da misericórdia, da esperança, da liberdade, da comunhão, os
defensores da vida e da dignidade humana. Nunca se envergonhem do Evangelho,
reavivem o dom de Deus que há em cada um pela imposição das mãos. ( 1
Timóteo) Sirvam ao rebanho que lhes foi confiado, nunca se sirvam do rebanho para interesses
próprios. Valorizem e amem a comunidade
que lhes foi confiada. É o Pastor que faz grande a comunidade e não vice
versa.
Meus irmãos e minhas irmãs, todos juntos formamos a querida Igreja
Particular de Sobral. Nesta celebração da Unidade e da Comunhão com Deus e
entre nós, deixemo-nos edificar pela Palavra de Deus e pelo Corpo e Sangue de
Cristo que vamos comungar, tornando-nos testemunhas da redenção que Cristo nos
trouxe. Este tempo Pascal que vamos celebrar nos convida a renovar o nosso
batismo e a tomar consciência de que renascemos da água e do Espírito Santo,
tornando-nos um povo de Sacerdotes, Profetas e Reis.
Terminando, agradeço a você, irmão padre, o dom da sua vida; porque você
não se cansou ainda de amar o seu sacerdócio. Agradeço-lhe a sua dedicação, o
seu amor
pela Igreja;
porque não se deixou abater diante de tantas provocações do mundo e da
sociedade.
Pense bem na sua vocação: dificilmente uma vocação nasceu sem ter como
referência um padre exemplar, que vive com alegria o seu ministério. Neste dia
em que renovamos as promessas sacerdotais, convido-o mais uma vez comigo a
dizer o nosso SIM a Deus com a nossa vida, com a resposta ao chamado de Jesus
que se renova no hoje da nossa vida: «VEM E SEGUE-ME». E em sintonia com o lema
da CF2013 possamos dizer: “Eis-me aqui, envia-me”!
Nossa Senhora, Mãe da Igreja e dos
Sacerdotes, rogai por nós!
Dom Odelir
José, mccj
Bispo Diocesano
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