quinta-feira, 28 de março de 2013

HOMILIA DA MISSA DO SANTO CRISMA - DOM ODELIR


Homilia Missa do Crisma 2013

Caros irmãos no sacerdócio e filhos no presbitério,
- Caríssimas Religiosas(os), Seminaristas e Vocacionados;
- Prezados Ministros(as), Agentes das diversas Pastorais e Lideranças das nossas Paróquias, Áreas pastorais e Comunidades aqui presentes;
- Querido povo de Deus aqui presente no Santuário São Francisco e todos que nos acompanham pela Rádio Educadora do Nordeste.
Em 1º lugar desejo acolher com muito carinho e estima os nossos Padres, que vêm marcados pelo peso dos trabalhos pastorais, especialmente, nesta Quaresma, com as Visitas às Comunidades em preparação à grande festa da Páscoa. Vinde, queridos presbíteros, viver a unidade e a fraternidade nesta Celebração e repousar um pouco junto ao Coração misericordioso e compassivo de Jesus Cristo. A Ele confiemos o nosso trabalho, as nossas alegrias, preocupações e angústias.
Quero, também, acolher o Povo de Deus, talvez aflito e desiludido de tantas promessas e contratempos, de situações difíceis e que às vezes parecem não ter solução. Venham todos, confiem seus problemas, dificuldades e situações difíceis ao bondoso Coração de Jesus Cristo.
Neste ambiente de Cenáculo, desejamos agradecer ao Senhor a graça que foi e é para a nossa diocese cada um de nossos presbíteros: gostaria pronunciar aquio nome década um, mas lembro a todos me referindo aos dois caçulas, últimos ordenados  Pe. José Airton e Pe. João Paulo (1 ano em outubro próximo), ao decano, Pe. Osvaldo ( 62 anos de sacerdócio). Queremos dar as boas vindas ao Frei Claudio e ao Frei Domingos e seminaristas capuchinhos. A nossa comunhão se exprime ainda de modo significativo, através da oração pelos nossos irmãos sacerdotes que vivem o ministério na fragilidade da idade ou na enfermidade. (especialmente Pe. Sadoc). Convido-vos, caros irmãos e irmãs, a acompanhar com a vossa oração estes ungidos do Senhor e todos outros sacerdotes da Diocese, Pe. Manfredo Ramos e Pe. Donizete. A todos queremos ter presentes nesta missa Crismal.
Nesta manhã estamos vivendo um momento extraordinário de “Comunhão Eclesial”. Aqui estamos formando a grande “UNIDADE DIOCESANA”: padres, religiosas(os), fiéis cristãos leigos de todas as 38 Paróquias e 3 Áreas Pastorais da nossa Diocese, em comunhão com o Bispo, para abençoar e consagrar os Santos Óleos, que serão distribuídos para todas as Paróquias e Áreas pastorais para serem usados nas celebrações dos respectivos Sacramentos. Nós, aqui, representamos todos os fiéis da Diocese e através dos Santos Óleos, tornamo-nos unidos e presentes na Celebração dos Sacramentos específicos, durante todo o ano de 2013, lá nas Comunidades, nos Hospitais e até nas Casas das pessoas idosas e enfermas.
O óleo que hoje abençoamos e que serão entregues  pessoalmente a cada pároco, espalha-se por toda a nossa Igreja particular de Sobral, assim como se derrama a graça de Deus, pela ação do Espírito Santo, na vida dos cristãos e em nossas comunidades eclesiais.
Com seu extraordinário sentido simbólico, o óleo faz-nos entender a grandeza do mistério que celebramos na fé.

A PALAVRA DE DEUS que acabamos de ouvir é muito significativa e aplicável a cada um de nós. Conforme o Profeta Isaías, “o Espírito do Senhor está sobre mim, porque Javé me ungiu”(Is 61,1). Interpretando o Profeta Isaias, cada um de nós pode dizer que “Javé me ungiu e me enviou”, para transformar ou então, para mudar o mundo, assim como Jesus se sentiu ungido e enviado pelo Pai para proclamar a Boa Nova da Salvação. Mas antes de “mudar o mundo” eu tenho que mudar a mim mesmo! Antes de evangelizar os outros, eu tenho que ser evangelizado. O segredo para “mudar o mundo” é eu mudar antes. Não é esperar que o outro mude, para eu mudar; não é esperar que o outro faça, para eu fazer... Usando o mesmo texto que Isaías, Jesus proclama: “Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura”(cf. Lc 4.16-21).
“Caminhar, edificar, professar Jesus Cristo crucificado” foi a ideia central da primeira homilia do Papa Francisco. Ele convidou os presentes a “caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com irrepreensibilidade”. Disse ainda: “quando caminhamos sem a Cruz, quando edificamos sem a Cruz, ou professamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papa, mas não somos discípulos do Senhor”.
Em pleno Ano da Fé, conscientes da grandeza do ministério a que fomos chamados e, ao mesmo tempo, de nossa fragilidade, recordemos, inicialmente, as palavras de Paulo, na segunda carta aos coríntios: “Esse tesouro nós levamos em vasos de argila, para que todos reconheçam que esse incomparável poder pertence a Deus e não é propriedade nossa...”. (4,7s).  
Renovar, as promessas sacerdotais é escutar o apelo de Deus à fidelidade aos compromissos alegremente assumidos no dia de nossa ordenação. É acolher o apelo de São Paulo a Timóteo: "Recomendo-te que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor (…), mas sofre comigo pelo Evangelho" (2Tim 1,6-7). É deixar-se interpelar pela recomendação de São Pedro: "Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, velando por ele, não constrangidos, mas de boa vontade, segundo Deus, não por ganância, mas por dedicação, (…) tornando-vos modelos do rebanho" (1Pedro 5,2-3).
Nesse sentido aproveito para recordar a todos, a celebração do Lava Pés que amanhã, estareis presidindo em nossas comunidades. Que todos nós sacerdotes deixemos nos iluminar pelo gesto do lava-pés. A palavra de Jesus, que fez do lava-pés um exemplo de serviço, deve ser o elemento central de nossas vidas. Nossa fidelidade sacerdotal só será sincera se estivermos disponíveis ao serviço, se formos capazes de deixar tantas mesas de privilégios que o padre (embora menos que antigamente) ainda tem na sociedade, para fazer da palavra de Jesus a realidade de nossa vida: “eu estou no meio de vocês como um servidor”; um servidor em favor da vida. Na celebração da Quinta feira, vamos tirar os paramentos para vestir um avental e, vamos lavar os pés de alguns membros da comunidade. Não façamos desse gesto um teatro...  Procuremos fazer como sacerdote, como alguém que não tem medo de vestir o avental e de estar sempre pronto a servir.
Todos os dias existem pés cansados convocando o sacerdote a vestir seu avental para servir. São pés de pessoas sem vida ou com a vida em frangalhos que precisam voltar a viver; pés de pais e de mães cambaleantes e sem rumo que precisam ser encorajados e fortalecidos. Tantos pés de jovens que, apesar da pouca idade, se perderam em becos sem saída, vítimas das drogas e da violência; pés de crianças que não pulam e nem brincam porque a vida lhes tirou até mesmo a possibilidade e a necessidade de fantasiar... Quantas forem as realidades, tantas vezes será preciso sair da mesa, vestir o avental e, depois, voltar a celebrar: “depois de ter lavado os pés de seus discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo” . O ministério sacerdotal, caracterizado pelo serviço, não permite ao sacerdote que se acomode em algum tipo de mesa, porque sempre haverá um chamado para vestir o avental e se dispor a servir.
Hoje lavar os pés é também dedicar tempo para o ministério da ESCUTA, é  dedicar tempo para as confissões.
Hoje, lavar os pés uns dos outros pode significar nossa capacidade de perdoar mágoas e ofensas que povoam nossos relacionamentos pessoais e comunitários de cada dia.
Convido todos os fiéis, a rezarem pelos sacerdotes, reze pela santificação daquele que Deus colocou a frente de sua comunidade. Pelos sacerdotes enfermos, idosos, os que estão em crise. Que todos possam sentir o carinho e o apoio dos irmãos e irmãs de comunidade. Acolham com carinho o padre de sua comunidade  e que nesta semana você  possa abraçá-lo e dizer: Obrigado pelo seu sacerdócio!
Dou graças a Deus pela colaboração dedicada de todos vocês, caros presbíteros, irmãos e amigos, pela riqueza dos carismas que vos foi concedido e pela disponibilidade em colocá-los ao serviço do evangelho onde e como a Igreja vos pede.
Queridos Padres sintam-se contentes como ministros de Cristo, se identifiquem com aquilo que sacramentalmente se tornaram, não olhem pra trás, não cobicem as coisas do mundo, mas sejam sinais vivos dos valores eternos, sejam os homens da misericórdia, da esperança, da liberdade, da comunhão, os defensores da vida e da dignidade humana. Nunca se envergonhem do Evangelho, reavivem o dom de Deus que há em cada um pela imposição das mãos. ( 1 Timóteo)  Sirvam ao rebanho que lhes  foi confiado, nunca  se sirvam do rebanho para interesses próprios. Valorizem e amem  a comunidade que lhes foi confiada. É o Pastor que faz grande a comunidade e não vice versa. 
Meus irmãos e minhas irmãs, todos juntos formamos a querida Igreja Particular de Sobral. Nesta celebração da Unidade e da Comunhão com Deus e entre nós, deixemo-nos edificar pela Palavra de Deus e pelo Corpo e Sangue de Cristo que vamos comungar, tornando-nos testemunhas da redenção que Cristo nos trouxe. Este tempo Pascal que vamos celebrar nos convida a renovar o nosso batismo e a tomar consciência de que renascemos da água e do Espírito Santo, tornando-nos um povo de Sacerdotes, Profetas e Reis.
Terminando, agradeço a você, irmão padre, o dom da sua vida; porque você não se cansou ainda de amar o seu sacerdócio. Agradeço-lhe a sua dedicação, o seu amor
pela Igreja; porque não se deixou abater diante de tantas provocações do mundo e da
sociedade. Pense bem na sua vocação: dificilmente uma vocação nasceu sem ter como referência um padre exemplar, que vive com alegria o seu ministério. Neste dia em que renovamos as promessas sacerdotais, convido-o mais uma vez comigo a dizer o nosso SIM a Deus com a nossa vida, com a resposta ao chamado de Jesus que se renova no hoje da nossa vida: «VEM E SEGUE-ME». E em sintonia com o lema da CF2013 possamos dizer: “Eis-me aqui, envia-me”!
Nossa Senhora, Mãe da Igreja e dos Sacerdotes, rogai por nós!
Dom Odelir José, mccj
Bispo Diocesano

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