(continuação...) POR QUE JUDAS TRAIU JESUS?
Fazendo uso da linha do
pensamento do papa Emérito Bento XVI, podemos afirmar que esta pergunta gera em
nós várias hipóteses. Algumas estão voltadas à questão puramente financeira, ou
seja, acreditava-se que Judas se encontrava ávido de dinheiro, a ganância do
ter o tinha consumido, logo, por dinheiro entregou Jesus; outros apresentam uma
explicação de ordem messiânica, ou seja, acreditava-se que quando o messias
viesse à terra estaria dotado de poder; o messias esperado‖ é o vencedor, o libertador
e restaurador. Surgiria no meio da humanidade acompanhado por um grande
exército capaz de derrotar tudo e a todos; desta maneira, o mal seria vencido
pela guerra, pelos meios político-militar ou pela força e a espada. Mas, o
messias esperado, aquele que seria o restaurador de Israel foi o que cumpriu à
risca a escritura: “O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos
anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e
ressuscitar depois de três dias.” (Mc.8,31) Por este motivo, muitos consideram
Jesus o Messias inaudito por sofrer e morrer como um agitador o que mostraria
sua farsa messiânica. Por isso, Judas teria se decepcionado com Jesus.
Segundo o evangelista João, por
ação do diabo já havia sido posto no coração de Judas o projeto de trair Jesus
(Jo. 13,2); Lucas em seu evangelho nos afirma que o diabo não lançou a ideia no
coração de Judas (que era um dos Doze), mas literalmente, entrou, tomou conta
de sua ação (Lc. 22,3). Conclui-se, que de uma forma infeliz, Judas cedeu à
tentação do maligno não encontrando por si só força para vencê-la.
Vale a pena perceber o
quanto Jesus age diferente dos outros homens, pois no relato onde Judas se
aproxima de Jesus para O beijar, Jesus fala: “AMIGO, faça logo o que tem a
fazer.” (Mt.26,50) Judas não é chamado
por Jesus de inimigo, mas de amigo. Sendo amigo, pode-se afirmar que era
próximo a Jesus, até mesmo foi escolhido para compor o grupo dos Doze (Jo.6,71;Mt.
10,4; Mc. 3,19; Lc. 6,16). Mas, como sabemos o convite por Jesus para os homens
e mulheres seguirem o caminho da verdade sempre era feito, porém, respeitando a
liberdade humana em optar pela Verdade ou agir contra Ela.
É certo o fato de todos nós estarmos sujeitos ao erro, mas nesta
vida terrena devemos fugir das tentações,
dos prazeres temporários deste mundo para experimentarmos definitivamente a
alegria por estarmos ao lado de Cristo.
Neste instante recordemos
dois fatos: o erro de Pedro e o erro de Judas. Ambos experimentam em suas vidas
o arrependimento, mas cada um tomou uma atitude diferente, vejamos
primeiramente Pedro. Quando Jesus caminhava com seus discípulos e
perguntou quem eles achavam ser Ele, Pedro falou: “Tu és o Messias”. (Mt.
8,29). Em seguida Jesus fala do sofrimento, da rejeição, da morte e da
ressurreição. Pedro O chama à parte e repreende, Jesus responde severamente: “Fique
longe de mim, satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos
homens.” Pedro se arrepende e recebe o
perdão e a graça. Judas, após reconhecer seu erro, também se arrepende (Mt.
27,3-5), mas seu arrependimento gerou um grande desespero ao ponto de gerar sua
autodestruição, isto é, enforcar-se.
Faço minhas as palavras do
papa Bento XVI quando nos fala: “Jesus espera a nossa disponibilidade para o
arrependimento e para a conversão, é rico de misericórdia e de perdão. Assim,
quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas, devemos inseri-lo na
superior condução dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição causou a
morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor
salvífico e em entrega de si ao Pai (Gl 2,20; Ef 5,2.25). Em seu misterioso
plano salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como ocasião da
doação total do Filho para a redenção do mundo.
Pe. Denilson
Curiosidade:
outros homens chamados de Judas na Bíblia
Fote: Dicionário Enciclopédico
da Bíblia, Vozes 1977, pag. 840ss; O Novo Dicionário da Bíblia, Vida Nova 1986,
vol II, pág. 881ss; Chave Bíblica, Sociedade Bíblica do Brasil 1971, pág.270.
1.
Judas o Macabeu organizou a revolta judaica (166-160 a.C) (conf.
Macabeus 2,4)
2. Judá um
dos filhos de Jacó (conf. Mateus 1,2-3). Nome encontrado na genealogia de
Jesus.
3.
Judá – um dos ancestrais de Jesus descrito na genealogia de Jesus
em (Lucas 3,30)
4. Judas
Tadeu (apóstolo) possuía nome duplo chamado de Judas irmão de Tiago (conf.
Lucas 6,16) e Judas Tadeu (conf. Mateus 10,3). Autor da Carta de São Judas
Tadeu. (conf. Judas 1,1)
5. Judas
de Damasco, habitante da rua direita na cidade de Damasco, onde o apóstolo
Paulo ficou hospedado. (Atos dos Apóstolos 9,11)
6. Judas
chamado de Galileu (conf. Atos dos Apóstolos 5,37) cuja origem era Gâmala na
Gaulanitide. Chefe de rebelião na província da Galileia contra a presença dos
romanos em 6 d.C. (Atos dos Apóstolos 5,37)
7. Judas
de Barsabás. Escolhido com Silas pelos lideres cristãos de Jerusalém para
acompanhar o apostolo Paulo e Barnabé a Antioquia. Desfecho do caso da
circuncisão. (Atos dos Apóstolos 15,22-33)
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