domingo, 8 de abril de 2012

CATEQUESE - Purgatório existe?


(Pe. Denilson - Taperuaba)
Sendo interrogado no patamar da Igreja de Taperuaba por um jovem leitor da Palavra de Deus, por sinal, o parabenizo por buscar na Bíblia uma fonte de inspiração, mas afirmo: devemos não somente conhecer a Palavra, mas torná-la visível em nossa própria vida. Depois de conversarmos sobre diversos assuntos, tais como: oração pelos mortos, salvação e assunção fui submetido à seguinte interrogação: “Há purgatório? Como podemos rezar pelos mortos se na Palavra de Deus não se fala isso?” Diante desta interrogação imagino que esta mesma dúvida seja pertinente a muitas outras pessoas, por isso, com o intuito de não somente dizer que existe quero também apresentar nos documentos da Igreja a fundamentação para podermos falar com propriedade sobre este assunto.
Não basta a fé, mesmo acreditando nós sabemos que ainda há uma tendência no ser humano para o pecado; há desejo de apetite para o mal. Mesmo tendo fé, temos tendência ao pecado. Mas será que nosso coração tendencioso ao pecado está pronto pra ir ao céu? Será que entraremos no céu com o pecado em nosso coração? Dentro de nós temos amor e egoísmo, perdoamos, mas somos rancorosos; amamos, mas odiamos. Em nós há um campo de batalha. Sempre estamos em conflito, por isso, quando morremos poderemos ainda estar num estado de conflito, o que nos leva a crer que deveremos passar por uma purificação após a morte.
Todo cristão que se preza deve ter como livro de cabeceira a Sagrada Escritura e o catecismo da Igreja. Baseado no Catecismo da Igreja Católica, na segunda sessão da primeira parte que se volta A PROFISSÃO DE FÉ, de forma mais específica no 3º Capítulo, artigo 12 encontramos o titulo: Creio na vida eterna. Depois de falar sobre o Juízo Particular, o céu, ele vai falar do PURGATÓRIO ou purificação final.
Entendamos: Todos nós, por ocasião do pecado experimentamos a morte, o que nos faz crer, segundo a Sagrada Escritura na afirmação de que o salário do pecado é a morte (Rm 6,3). Muitos já morreram e outros morrerão, porém devemos ter em mente a seguinte situação. Os que por ventura tenham morrido sem a Graça, estes não fazem parte do grupo dos Bem-Aventurados, ou seja, estarão condenados eternamente. Quem está condenado ou quem já está no castigo eterno? Não posso responder, nem tenho esta pretensão, afinal, o julgamento não compete a mim, outrossim, não tenho propriedades ou faculdades para isso. Nos fala a Bíblia: “Não julgueis e não sereis julgados. Pois o mesmo julgamento com que julgardes os outros servirá para vós; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho?” (Mateus 7,1-3). Pois bem, esta falha não quero criar e levar comigo, apenas Deus pode nos julgar e nos dar o lugar de nosso merecimento. 
Sabendo sobre a possibilidade de algumas pessoas morrerem na ausência da Graça, há também o grupo daqueles que morrem na Graça e na amizade de Deus. Deus é nosso amigo, Ele veio ao mundo, fala aos homens como amigo (cf. Ex 33,11;Jo15,14-15) e conversa com eles (cf. Br 3,38) para participarem da comunhão. Os que morreram na Graça de Deus, embora tenham a garantia da salvação Eterna, mas que não estejam completamente purificados, após a morte, devem passar por um processo de purificação, já que desta forma estarão se purificando para obterem a santidade necessária para entrar na alegria celeste. Esta purificação final dos eleitos chamamos de PURGATORIO. Na Bíblia não encontramos o termo em questão, porém, o texto bíblico que evidencia o purgatório é o de 1Cor 3,15 que nos diz: Aquele, porém, cuja obra for queimada perderá a recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas como que através do fogo. Nesta passagem o purgatório não é diretamente considerado aqui, mas esta passagem juntamente com outras serviu de base à explicação desta doutrina pela igreja. Por faltar o uso do termo na Bíblia muitos fundamentalistas da Bíblia são levados a não acreditarem nesta verdade. Na riqueza da igreja temos como fonte Mater (mãe) a Sagrada Escrituras e, ainda, o magistério que nos oferecem inúmeros textos, livros, artigos e documentos fundamentados todos na Palavra Sagrada.
Encontramos uma explicação ou apresentação do Purgatório em dois Concílios -  o de Florença (1300-108) e o de Trento. No Concílio de Florença encontramos o seguinte comentário:
Igualmente, se os verdadeiros penitentes falecerem no amor de Deus, antes de ter satisfeitos com frutos dignos de penitência o que cometeram ou deixaram de fazer, suas almas são purificadas depois da morte com as penas do purgatório; e para que recebam um alívio destas penas ajudam-nos os sufrágios dos fiéis viventes, como o sacrifício da missa, as orações, as esmolas e as outras práticas de piedade que os fiéis costumam oferecer pelos outros fiéis, segunda as disposições da igreja. (Cf. Denzinger. In.:Bula sobre a união com os gregos.)
A Igreja Católica, instruída pelo Espirito Santo a partir da Sagrada Escritura e tradição dos Santos Padres, nos sagrados Concílios e Sínodos dos bispos, ensinou e ensina que o purgatório existe. Inclusive, dá-se pena aquele que por ventura venha a não acreditar ou duvidar. No Concílio de Trento (1520-1583): 6ª sessão, 13 jan.1547: decreto sobre a justificação, nos fala o seguinte:Se alguém disser que a qualquer pecador penitente, depois que recebeu a graça da justificação, é perdoada a culpa e cancelado o débito da pena eterna, de modo tal que não lhe fique débito algum de pena temporal para descontar neste mundo ou no outro futuro, no purgatório, antes que lhes sejam abertas as portas do reino dos céus: seja anátema.
Esta palavra ANÁTEMA vem do grego antigo νάϑημα, "oferta votiva" e, depois, νάϑεμα, "maldição, ou seja, seja amaldiçoado ou desfavorecido diante de Deus. Vejamos uma aplicação e presença desta palavra na Sagrada Escritura: Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gl.1,6-8).
Para continuar nossa explicação, entremos na pergunta se podemos rezar pelos mortos. Ora, fundamentado na Palavra de Deus, vejamos o que nos diz o livro de 2 Macabeus: Eis por que ele (Judas Macabeu) mandou oferecer este sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos de seu pecado (2Mc 12,46). Desde os primeiros anos de história a Igreja tem oferecido sufrágios em favor dos falecidos e tem honrado a sua memória, de forma especial tem oferecido o sacrifício eucarístico em favor da alma dos irmãos defuntos. Isso tudo para que nossos irmãos falecidos possam chegar a visão beatífica de Deus.  Olhemos, levemos socorro aos falecidos e celebremos a sua memória. Sigamos o exemplo de Jó que em sua vida conseguiu purificar a vida de seus filhos. Ora, se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu Pai (Jó 1,5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos os levem alguma consolação? As almas que estão no purgatório não podem rezar por elas mesmas, logo recorrem a nós para que possamos ajudá-las. Não meçamos esforços em socorrer os que foram, partiram, viajaram e em oferecer nossas orações a eles. Também, por meio de esmolas, indulgências e obras de penitência busquemos a purificação dos nossos.
Fontes de pesquisas:
1.       Sagrada Escritura/Catecismo da Igreja Católica/Desinger/Dei verbum
No dia 12 de janeiro o papa fez uma catequese sobre santa Catarina de Genova que nos põe diante de uma compreensão do purgatório:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2011/documents/hf_ben-xvi_aud_20110112_po.html




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